Acordar. Café, talvez uma torrada com creme de ricota. Uma laranja. Quarenta minutos de uma caminhada leve. Chuveiro rápido. Um vestido leve. Lavanda Johnson. Alongamento. Mentalizar de um futuro próximo de sossego. Estudar. Estudar. Estudar. Peito de frango. Salada. Suco de acerola. Quarenta minutos de uma leitura de alguma coisa que não caia no concurso. Banho. Aula. Aula. Aula. O rosto de uma amiga e uma conversa amena pra não esquecer a parte social da vida e um café. Aula e aula. Chegar em casa com a noção do tanto que falta. Dormir uma hora. Estudar. Estudar. Estudar. Achar que não vai dar tempo. Estudar. Certeza que não vai dar tempo. Estudar. Estudar. Manter sanidade e bom humor com uma ou duas conversas não relacionadas com pessoas queridas e uma fruta e leite enquanto se encara um pacote lacrado de batatas fritas. Estudar. Banho. Cama. Levantar da cama porque o colchão é uma porcaria. Reclamar do colchão mentalmente e soltar um ou dois (mil) palavrões porque o colchão é uma porcaria. Pensar que precisa dar certo. Tentar ficar de bom humor. Fechar os olhos e listar cinco coisas aleatórias. Repetir que não interessa no que isso dê, está no lugar exato onde deveria estar. Dormir ou quase isso. 
E torcer pra ser suficiente.

Foto: Cânion em território dos índios navajos, nos EUA. (Foto Angiolo Manetti/National Geographic Photo Contest)


Esse ano quero paz no meu coração – sobe o som da piada canastrona – e eu vejo que quero mesmo parar de procrastinar. Então, para 2012, eu resolvi viver como se os Maias (o povo antigo, não os políticos daqui) tivessem razão e o mundo fosse acabar mesmo em dezembro. 

Eu já comecei com isso, já que meu ano tecnicamente começa hoje, e eu tive um dia próximo do que é meu ideal hoje, mas como tudo tem que ser milimetricamente ocupado, ainda falta muito pra fazer. E vai ser isso. 

Eu ando meio querendo o meu canto. Tenho evitado sair, grandes aglomerações e reboliços. Ando mais feliz em casa do que jamais fui em farras, estou ficando velha. Estou gostando. Não fico mais sem protetor solar. Não tomo sol mais do que a absorção de vitaminas pede.

E músicas. Filmes. Risadas. Privacidade. Continuidade. Quero aprender a tocar violão. Aprendi a fazer aquela torta de maçã que fica melhor se você chamar de apple pie e me faz pensar no Zé Colmeia (perdeu o agudo, né?), e estou me adaptando até bem a essa nova ortografia, que é o jeito novo de escrever coisas velhas. Um bom hidratante. Um bom adstringente. Parei de vez com a Coca-Cola, reatei uma velha amizade.

De uns tempos pra cá, eu tenho estado mais feliz e tranquila. 

Tudo o que funcionar. E tem funcionado.